terça-feira, 13 de março de 2012

Professora Andrea Ramos: Platão e Aristóteles - Mimeses e catarse

Professora Andrea Ramos: Platão e Aristóteles - Mimeses e catarse: Alunos de filosofia do Terceiro Ano: Abaixo segue um resumo, em forma de tópicos, sobre a arte como mimeses e a função catártica da arte...

Platão e Aristóteles - Mimeses e catarse

Alunos de filosofia do Terceiro Ano:
Abaixo segue um resumo, em forma de tópicos, sobre a arte como mimeses e a função catártica da arte para Aristóteles. Depois há um resumo da tragédia grega Medéia e da tragédia grega Édipo, que analisaremos segundo a concepção de Aristóteles de catarse.

Arte e imitação
ü  Platão condena as belas-artes e a poesia.
ü  Em Atenas, Platão está cercado por obras arquitetônicas, como o Parthenon, os teatros, e por pinturas e esculturas.
ü  Os atenienses recebem uma educação que induz á admiração de Homero e Hesíodo
ü  Da cidade ideal de Platão estão expulsos os poetas e a pintores
ü  Belas-artes não é uma expressão da época de Platão
ü  Arte era tekhné: arte da tecelagem, arte de governar, arte da dialética.
ü  Pintura, poesia e música não são definidas pela expressão da beleza.
ü  Segundo Platão, a beleza não se encontra nas obras de arte.
ü  Arte repousa na aparência sensível, na ilusão e no erro.
ü  A verdade é supra-sensível e a beleza deve ser uma verdade eterna e imutável.
ü  Definir a arte como mimese não é concebê-la como naturalista ou realista para Platão (já que elas não produzem ou representam a verdade).
ü  A idéia é fixa, permanente, em oposição ao devir que caracteriza os objetos do mundo sensível.
ü  Um objeto fabricado tem uma forma permanente que nos permite reconhecê-lo quando o vemos.
ü  Esse objeto, o utensílio, é fabricado pelo artesão (um operário do povo), que produz a obra a partir da idéia do objeto, Ele produz uma cópia, mas uma boa cópia presente aos nossos s sentidos.
ü  O pintor é comparado a um homem com um espelho que torna presente uma coisa, depois outra, e outra, sem, no entanto a fabricar como o artesão.
ü  O pintor produz a aparência das coisas.
ü  O artesão produz um análogo da idéia; o utensílio que produz não é a idéia verdadeira
ü  A pintura é por essência mimese porque imita a mimese artesanal. É mimese da mimese.
ü  Em ordem decrescente de verdade: a idéia de cama; a cama artesanal e a cama pintada pelo pintor. Mais ainda, o pintor está preso a um aspecto do objeto que vai reproduzir.
ü  O pintor pinta o real como ele aparenta ser (phantasma), produzindo um simulacro, um ídolo.
ü  Essa definição se estende à poesia e às outras artes (no sentido moderno de belas-artes).
ü  Assim, tekhné não é arte (no sentido moderno), é um saber-fazer.
ü  O que nós chamamos de belas-artes se define, para Platão, pela mimese que produz a aparência fixando-se em um só ponto de vista.
ü  O pintor não produz utensílios para o uso comum dos homens, como o faz o artesão. Ambos estão afastados da verdade, mas o pintor está muito mais distante.
ü  Platão ainda distingue as artes em artes de aquisição (caça, pesca,...) e artes de produção.
ü  As artes de produção se subdividem em produção de coisas reais e em produção de simulacros. Os simulacros imitam um objeto fabricado pelo homem.
ü  Há ainda a arte da cópia conforme e a arte da aparência ilusória. A cópia conforme reproduz com proporção o modelo (como as esculturas do corpo humano que obedecem a simetria, as dimensões reais – ideais).
ü  A arte da aparência ilusória é fantástica porque deforma proporções para que o ponto de vista do espectador seja privilegiado. Assim Platão condena a arte ilusionista e humanista de sua época.

Aristóteles e a catarse
ü  Catarse, segundo Abbagnano, seria a libertação do que é estranho à essência ou à natureza de uma coisa e que, por isso, a perturba ou corrompe;  Purgação.
ü  É com Aristóteles que o termo catarse vai ser usado para designar um fenômeno estético: libertação ou serenidade que a poesia, o drama e a música provocam no homem.
ü  A tragédia, por exemplo, seria uma imitação realizada por atores, sem ser em forma narrativa, e suscita o terror, a piedade, purificando tais afetos, nos espectadores.
ü  Após o espetáculo, os espectadores saem purificados, como que curados, pois seus afetos foram aplacados pelas cenas, como se eles, espectadores, vivenciassem o afeto através da encenação, sentindo, amando, odiando, através dos personagens e seus dramas e saindo do teatro leves como se tivessem se livrado de todo um peso e também da culpa de sentir vontade de fazer o que crê ser proibido e sequer ousa confessar para si mesmo.
ü  Nas tragédias gregas os afetos são fortes demais para serem compatíveis com a vida em sociedade e com a própria sobrevivência dos indivíduos. Se fossem vivenciados fora do espetáculo, as regras sociais seriam quebradas, a família não existiria, não haveria leis morais. Em lugar disso, parricídios, infanticídios por ciúmes, autopunição, incestos, traições, destinos inexoráveis.
ü  A poesia (falada e escrita como as epopéias homéricas e as tragédias e comédias encenadas nos teatros gregos) é imitação.
ü  A expressão, ou imitação, ocorre por meio das cores, figuras, ritmos, linguagem e harmonia.
ü  São imitados características, afetos e ações; enfim, os imitadores imitam homens que praticam alguma ação, homens melhores, piores ou iguais a nós.
ü  Imitação não significa a representação do que de fato acontece ou aconteceu; nomes e fatos podem ser fictícios, pode e deve haver fabulações.
ü  As tragédias imitam uma ação e também casos que suscitam terror e piedade pelo espetáculo cênico e também da conexão doa atos (forma e conteúdo), sobretudo nas ações paradoxais que são humanas e não obras do acaso.
ü  O herói trágico é, em geral, uma pessoa que não se distingue muito nem pela virtude e pela justiça e nem é um degenerado. Quando cai no infortúnio é por causa de algum erro (que pode ser uma penalidade que todos seus ancestrais e seus descendentes irão pagar).  Esse herói trágico é alguém que goza de boa reputação, prestígio, representa família ilustre e é uma vítima do destino (que tem motivos ), como Édipo. 



Medéia
Eurípides, dramaturgo grego, escreveu a peça Medéia no ano de 431 antes de Cristo. Naquela época o teatro era responsável pela construção e educação do homem grego, em particular do ateniense. As peças apresentavam discussões sobre os acontecimentos cotidianos dos atenienses, se baseando nos mitos.

A mulher tinha um papel particular na cultura ateniense que foi discutida de uma maneira bastante trágica nesta peça: O que poderia acontecer, se uma mulher coberta de emoção e paixão, sentimentos irracionais para os gregos, em oposição ao homem racional, decidisse resolver suas mágoas pelas próprias mãos?

A tragédia se passa em Corínto, cidade grega, local onde se refugiaram Medéia e seu marido Jasão após terem fugido da Cólquida, cidade situada no oriente e considerada bárbara, em oposição aos gregos civilizados. Jasão e Medéia foram parar em Iolco após a aventura conhecida como argonáutica, uma expedição onde o tio de Jasão, tendo roubado seu lugar no trono em sua cidade natal, Iolco, enquanto Jasão estava fora sendo criado pelo centauro Quíro, (o mesmo que educou Aquíles), o enviou a uma busca impossível por uma pele de carneiro de ouro, que pertencia à sua família e que havia sido roubado pelos bárbaros do oriente. Se conseguisse regressar com vida e com a pele, seu tio lhe devolveria o trono.

Assim Jasão organizou uma expedição que o levou à Cólquida. Lá ele conheceu Medéia com quem se casou. Devido a alguns acontecimentos dramáticos, ambos tiveram que fugir, e se estabeleceram em Corínto. A nutriz, mulher responsável pelos cuidados com as crianças começa a peça lamentando tudo o que aconteceu, pois agora Jasão largou Medéia e seus dois filhos para se casar com a filha do rei de Corínto, Creontes.

Medéia se sente abandonada, largada, humilhada depois de tudo que ela fez para ajudar o herói. Ela está totalmente desconsolada e a nutriz teme por ela. Teme que Medéia possa fazer algo drástico. Medéia se lamenta todos os dias, e nem a visão de seus filhos a anima e culpa principalmente a princesa de Corinto pelos seus sofrimentos. Suas palavras acabam chegando ao castelo real. Jasão volta para casa para conversar com Medéia, ele a avisa que continuando a falar contra a família real ela será expulsa de Corínto, o que Jasão acha justo, pois uma mulher como ela, bárbara, levada para a civilização e tendo filhos gregos teria que ser mais agradecida.

Medéia recebe a visita do próprio rei de Corínto, Creontes. Ele conhece bem os poderes de Medéia e teme pelo bem de sua filha e de si próprio. Assim ele a expulsa de seu reino. Medéia pede um dia, apenas um dia para poder se arrumar e encontrar um outro lugar onde ela possa estabelecer uma nova vida. Creonte concede esse dia. Porém é nesse dia, nesse único dia, que todos os acontecimentos terríveis acontecem.

Medéia era uma feiticeira conhecida em toda a Grécia pelos seus poderes. Ela recebe uma visita de Egeu, rei de Atenas, que procurava sua ajuda. Medéia promete ajudá-lo em troca de exílio. Depois de saber os sofrimentos que Medéia está passando, Egeu concorda. Medéia chama Jasão para uma conversa, e o convence que ela está arrependida pelas coisas que disse e pede para seus filhos poderem ficar com o pai, morando no castelo real. O que Jasão concorda feliz. Medéia manda por seus filhos presentes para a princesa, um véu e um diadema, presentes esses que serão a perdição total da família real, pois eles estão envenenados e matam não apenas a princesa que os colocou, mas também o rei de Corínto que tentou salvar sua filha.

Jasão corre para a casa de Medéia a procura de seus filhos, pois ele agora teme pela segurança deles, porém chega tarde demais. Ao chegar em sua antiga casa, Jasão encontra seus filhos mortos, pelas mãos de sua própria mãe, e Medéia já fugindo pelo ar, em um carro guiado por serpentes aladas que foi dado a ela por seu avô, o deus Hélios.

Não poderia ter havido vingança maior do que tirar do homem sua descendência.



Édipo

Composta por Sófocles, em data ignorada, e particularmente admirada por Aristóteles, esta obra-prima da tragédia grega, ilustra a impotência humana diante do destino.

A estória começa quando Édipo, príncipe de Corinto, é insultado por um bêbado, que o acusa de ser filho ilegítimo do Rei Políbios. Embora Políbios procure tranqüilizar Édipo, o príncipe, perturbado, recorre ao Oráculo de Píton, mais tarde conhecido como Delfos.

O oráculo evita responder à sua dúvida, mas dá a terrível informação de que Édipo está destinado a matar o pai e casar-se com a mãe. Como Édipo não tem a menor intenção de deixar que isso aconteça, ele foge de Corinto e vai para Tebas. E aí começa a tragédia.

Em uma encruzilhada, Édipo depara-se com uma carruagem. À frente vem o arauto, que ordena rudemente a Édipo que se afaste e tenta empurrá-lo para fora da estrada. O príncipe começa uma briga e termina matando todo mundo que nela se envolve. Inclusive o rei Laios de Tebas.

Após resolver o enigma da esfinge e salvar Tebas da maldição, Édipo é proclamado rei e casa-se com a viúva de Laios, Jocasta, mas sem saber que matara Laios.

Só depois que uma nova maldição cai sobre Tebas, maldição que seria afastada apenas quando o assassino de Laios fosse descoberto e expulso, é que os fatos vêm à tona, inclusive o fato de que os pais verdadeiros de Édipo são Laios e Jocasta.

Édipo não consegue suportar a verdade, arranca os próprios olhos e se exila; Jocasta se suicida.

Antes que Édipo tomasse a decisão de fugir da profecia do oráculo, quando ainda pensava que era filho do rei Pólibos, Laios, sua vítima e pai verdadeiro, já tinha cometido o mesmo erro em relação ao destino: Apolo havia advertido Laios de que seu próprio filho o mataria e desposaria a própria mãe, quando Édipo nasceu, o rei mandou perfurar com um cravo um dos pés da criança e abandoná-la em uma montanha. Mas o menino foi encontrado por um pastor e levado ao rei Políbios, que o adotou. Essa foi a origem da confusão de Édipo e foi daí que veio seu nome: "oidípous" que significa "pé inflamado".

Quem sou eu

Minha foto
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil
Professora de filosofia e sociologia, graduada e licenciada pela UFRJ; fiz especialização em Filosofia Moderna e Contemporânea na UERJ e sigo estudando tudo o que me interessa e, infelizmente, trabalhando (trabalho-tortura)mais do que gostaria.